•  ICDCI 

    Insumos Críticos Para o Desenho de Cidades Inteligentes 

    -2021-

    Escola da Cidade 

    (acesse os videos após o texto)

     

    - Ementa

    Cidades inteligentes são aglomerações urbanas que, por meio da tecnologia, colhem dados ambientais e sociais para melhorar a eficiência do emprego de recursos, promovendo o desenvolvimento sustentável e aperfeiçoando a qualidade de vida dos seus cidadãos. A captura de reações dos usuários cria, ciclo contínuo, padrões sucessivos de resposta social permitindo a emergência, ou a indução, de comportamentos coletivos de natureza sistêmica e adaptativa. Nesse contexto, a relação entre corpo social e sistemas tecnológicos passa a ser mutuamente constitutiva e dependente do desenho de processos de mediação. O campo do desenvolvimento local aparece como nó estratégico dentro dessa relação. É o lugar da memória do território, do tecido social, dos padrões de civilidade, urbanidade e da identidade cidadã. É a partir desse lugar que arranjos de organização do trabalho e da vida cotidiana estarão cada vez mais integrados e terão seu impacto multiplicado, formando redes. As consequências sociais, econômicas e políticas dessas práticas sobre o ambiente social são objeto de caloroso debate dentro da academia e no campo do desenvolvimento. Esperamos que por meio desse possamos trazer a tona reflexões críticas uteis subsidiando a concepção e o desenho de utopias possíveis.

    - Cidades Inteligentes Boas para as Pessoas.

    Nesse primeiro encontro vamos falar de cidades inteligentes voltadas para as pessoas. Para isso confrontaremos três visões sobre o assunto: a visão da Carta Brasileira das Cidades Inteligentes, produto coletivo elaborada no âmbito do MDR e financiada pela GIZ – Agência de Cooperação Alemã, onde cidade inteligente é compreendida a partir do desenvolvimento humano; a visão da ISO – International Standard Organization, comissão internacional de normatização que procura desenhar um panorama informacional para esse novo empreendimento, e a visão do serviço publico digital, que envolve a integração de serviços e instituições para melhor atender as pessoas. Para participar desse debate convidamos Sarah Habersack, da GIZ Brasil e coordenadora da elaboração da Carta Brasileira de Cidades inteligentes, Alex Abiko, Professor Titula rem Gestão Urbana e Habitacional da Poli Usp, atual presidente da comissão ISO TC 268, responsável por traduzir e publicar normas de cidades inteligentes no Brasil, e Daniel Annenberg, atualmente vereador (PSDB) na Câmara Municipal de São Paulo, especialista em serviços tecnológicos para o cidadão.. (Encontro não foi Gravado)
     

    Pontos centrais:

    - Centralidade na gestão de dados permite a comparação e avaliação de cidades inteligentes.

    - Cidades inteligentes não é sobre tecnologia, mas sobre gestão apropriada de informações.

    - Tecnologia em cidades inteligentes devem ser centradas nas necessidades do usuário. Não se trata de digitalizar a burocracia, mas de criar ganhos de eficiência para o cidadão.

    Nas cidades inteligentes sensores colhem dados ambientais e sociais e modificam o espaço e suas dinâmicas sociais em ciclos mutuamente constitutivos. Qual a natureza intrínseca dessas interações? Como, e por quê, nascem? Podemos falar em inovação como processo e iconoclastia como método? Para falar desse assunto conectaremos arte e engenharia, disciplinas responsáveis pelo futuro desse campo. Ana Tavares é artista plástica e doutora pela ECA USP, com vasta obra reconhecida nacional e internacionalmente. Marcello Zuffo é engenheiro, prof. titular em Engenharia de Sistemas, e fundador do Laboratório de Sistema Integráveis da USP.
     

    Pontos centrais:

    - Miniaturização dos componentes eletrônicos (dust computing) permitirá uma integração invisível de sistemas à realidade, transformando nossa percepção do ambiente de forma radical, apagando mais e mais a fronteira entre virtual e real.

    - Pessoas reagem e interagem ao espaço intuitivamente, fruto de sua experiência na realidade histórica: Aisthesis precede Techné.

    - Existe a possibilidade de consciência, presença ativa e critica no virtual.

    - Interagir num espaço totalmente virtual acarreta em re-significar o legado histórico.

    - Mutua constituição entre real e virtual é inevitável.

    Como arquiteto, orquestramos recursos variados, criamos soluções de mediação entre entidades físicas e sociais da cidade. Ao projetar cidades inteligentes, ampliamos nossa atuação e passamos a desenhar também relações entre pessoas, máquinas, sistemas de dados e de inteligência. Mas como será vida futura nessa perspectiva? Como queremos que ela seja? 
    Nesse terceiro abordaremos a plataformização do trabalho e suas possíveis consequências. Para falar desse tema temos o prazer de anunciar a presença de Rodrigo. O. Assumpção , historiador, presidente da DATAPREV 2009-17, e consultor especial da OIT, Organização Internacional do Trabalho, em Genebra, e Rafael Grohman, Doutor em Comunicação, Coordenador do DigiLabour e do projeto Fairwork, vinculado à Universidade de Oxford, pesquisador do projeto Histories of Artificial Intelligence: Genealogy of Power, da Universidade de Cambridge, diretor da Labor Tech Research Network e membro do Conselho Científico do Center for Critical Internet Inquiry (C2i2) da Universidade da California, Los Angeles (UCLA).
     

    Pontos Centrais:

    - Plataformização do trabalho não acarreta necessariamente em precarização. É preciso consolidar marco trabalhista de direitos nesse campo. Há alternativas interessantes já em operação.

    - Plataformização do trabalho tem promovido desregulamentação de sistemas de previdência. É possível e necessário rever marcos regulatórios nesse setor.

    Catherine Othondo (CAUSP), Frankln Lee (SUBDV) e Alex Kuroda (ArqGen) conversam com Andre Leirner sobre práticas arquitetônicas emergentes, produção do espaço, e os futuros desafios da regulação imobiliária e do direito a cidade na cidade parametrizada. 
     

    Pontos Centrais:

    - Plataformização da fazer arquitetura tem promovido impasses na regulação do setor. Como regular o uso dessas plataformas? Como garantir um padrão de uso de plataforma na classe dos arquitetos? Como levar isso ao sistema educacional da categoria?
    - Uso de sistemas paramétricos computacionais é amplo e tem enorme potencial. É possível, e desejável, garantir o humano dentro dessa equação.

    - Já é possível desenhar edifícios, interiores e mesmo o tecido urbano a partir de parametrização otimizada. Quais são os limites dessa prática? Qual é o papel do arquiteto na garantia do bem estar, nesse contexto?

    Luciano Pires conversa com Andre Leirner e Cândido Pessoa sobre os caminhos da interação entre sistemas e pessoas no contexto da prestação de serviços e do desenho e implementação de políticas para o urbano.

    Pontos Centrais:

     

    - Desenho de serviços e a economia do comportamento estão no cerne das relações homem-máquina.

    - Pesquisas dessa natureza (economia do comportamento), por fazer comporem as ciências sociais, devem ser validadas por comitê peer review do conselho regional de psicologia, no Brasil hoje.

    - Essa arquitetura de validação de "pesquisas" de economia do comportamento deverão ser aplicadas no futuro, ao considerarmos plataformas em escala operando na cidade.